quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Samba de Gafieira


Veio-nos a oportunidade de falar um pouco sobre o samba de gafieira. Afinal, o que vem a ser este “bicho”? Muito se fala dele e nele, mas o que notamos é que há uma distância muito grande entre a coisa em si, a prática desta coisa e as pessoas que o praticam hoje.

Primeiramente, samba é samba. Aí vem outros falarem nas suas subdivisões, que não aprofundaremos neste estudo, mas só para citá-los:
  • partido-alto, samba-exaltação, samba-canção, samba-enredo, samba-choro, samba-sincopado, samba de breque, bossa nova, samba-pagode, samba de moderno partido, sambalanço ou samba swing, samba-reage e samba-rock.
Essas nomenclaturas referem-se ao samba enquanto música.


Nome samba é, provavelmente, originário do nome angolano semba, um ritmo religioso, cujo nome significa umbigada, devido à forma como era dançado. Em 1838, Frei Miguel faz o primeiro registro da palavra “samba” na revista O Carapuceiro. O samba carioca provavelmente recebeu muita influência de ritmos da Bahia, com a transferência de grande quantidade de escravos para as plantações de café no Estado do Rio, onde ganhou novos contornos, instrumentos e histórico próprio, de forma tal que, o samba moderno, como gênero musical, surgiu no início do século 20 na cidade do Rio de Janeiro. 
Um dos principais aspectos observados no estilo samba de gafieira é a atitude do dançarino frente a sua parceira: malandragem, proteção, exposição a situações surpresa, elegância e ritmo. Na hora da dança, o homem conduz a sua dama, e nunca o contrário.
O samba de gafieira tem esse nome porque originalmente era dançado em cabarés, clubes e gafieiras localizados no subúrbio carioca, em bairros onde, atualmente, estão as escolas de dança de salão mais conhecidas. É importante ter-se em mente que a gafieira é apenas o local onde esse samba surgiu, no qual eram tocados também outros gêneros musicais como bolero e swing, dentre outros.” (PERNA, 2005)
A alta sociedade da época era realmente avessa à música do povo. Naquela época, estamos falando da década de 40, começa a surgir então um movimento muito forte no mundo, que influenciou e até hoje influencia, a música ocidental e agora a oriental. O movimento Swing.

A explosão do swing foi algo inimaginável para os dias de hoje. Mas na época repercutiu na composição de quase todas as bandas ocidentais. Era a época das Big Bands. Bandas musicais onde o número de componentes ultrapassava facilmente dez elementos. Havia uma saudável concorrência entre elas no momento dos bailes, uma querendo tocar melhor do que a outra. Muitas vezes no mesmo baile haviam duas bandas propositadamente dispostas em dois palcos antagônicos. Quando uma terminava de tocar, já começava a outra, como dois grandes duetos no salão. E os dançarinos freneticamente dançando… Foi no bairro pobre do Harlem, em New York, mais precisamente no Savoy Ballroom, onde os negros divertiam-se com sua dança, que a partir de 1927 foi denominada de Lindy Hop. O Savoy Ballroom funcionou de 1926 a 1958.
Pensilvania 6-5000 (Glen Miller Orchestra)
A característica principal desta música era a presença dos metais, tipicamente reconhecidos no jazz, como o saxofone, p. ex. Mas na verdade o jazz é um gênero musical, até onde pudemos pesquisar, extremamente genérico e que engloba diversos outros gêneros. É como nosso samba, que tem outras pequenas subdivisões, como citamos acima, compreendendo que tudo é samba. Assim, fazendo uma analogia, tudo é jazz. Para se entender de forma mais simples.

Ora, e qual é a característica marcante da música jazz? O improviso musical.
E qual seria então, como reflexo lógico e natural, a característica marcante da dança, swing? Também, o improviso.

Mas o que tem a ver o jazz, o swing, etc como samba de gafieira? Tudo!

Notemos que, nos salões de baile brasileiros se dançava bolero (também muito em evidência na década de 40), swing (por influência direta norte-americana) e também nossos gêneros nacionais: samba-canção, samba-batucada e samba-liso. Essas eram as três formas de se dançar o samba de salão no Brasil até a década de 1940, segundo Foraciari (1950).

Samba-canção era uma dança de dois movimentos por compasso;

Samba-batucada era uma dança com três movimentos por compasso, baseado no samba-canção;

Samba-liso era uma dança de quatro movimentos para dois compassos, sendo totalmente diferente dos outros dois.
Podemos perceber sua letra triste, até mesmo depressiva em alguns momentos, mas falando de amor. Era característica do samba-canção e até mesmo de um samba “embolerado”, se podemos dizer assim.

Na década em questão, 1940, o swing começa a influenciar o nosso samba. Com isto ele toma a seguinte forma audível:

Neptuno (Raul de Barros, 1958)
Raul de Barros foi um dos grande intérpretes e com as características básicas de um samba de gafieira genuíno. Nota-se claramente a influência dos metais na música, uma ginga mais própria nossa, de nossas raízes e uma bem maior alegria na sua execução. Todas essas características foram ter à dança, que daí sim começou a ser desenvolvida como samba de gafieira que conhecemos hoje.

Por dentro das décadas de 1950, 1960 (eclosão do movimento bossa nova no Brasil) e passando pelos anos 1970 (das discos) até chegar aos dias de hoje, o samba de gafieira foi-se tranformando. Principalmente com a queda das gafieiras, após os anos 60, a dança foi ficando esquecida e deixando de ser praticada nos salões, pelo menos da forma massiva como era. Sobreviveram poucas gafieiras, restritas claro, ao Rio de Janeiro.


E para finalizar esta pequena pesquisa, segue um áudio de um samba de gafieira bem atual. Notem que já temos aqui muita influência de outros estilos, que já vieram com a evolução tecnológica, como guitarras, mas persistem os metais… poderíamos até dizer que seria um samba de gafieira com um toque de samba rock (?)
Reza Forte (banda Sandália de Prata)
No próximo post falaremos um pouco mais da dança: samba de gafieira.
Um grande abraço a todos  e vamos dançar!!! 
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