Para definir as bases do forró temos que falar um pouco do baião. A palavra baião que pode significar baiano, bailão ou bailar, designava, originalmente, uma introdução, um "aquecimento" que dois ou mais cantores faziam para esperar a inspiração e só então começar a cantar para valer, revezando-se em repentes e músicas regionais para animar as festas e encontros.
O grande Luiz Gonzaga foi o responsável por fazer do baião um gênero musical, ao desenvolver aquela introdução, criando, gravando e difundindo o baião, já como música inteira, não mais limitada ao som da viola do cantador, mas com letra, arranjo e toda orquestração sertaneja.
Foi também Luiz Gonzaga quem desenvolveu o estilo musical que hoje conhecemos como forró quando deu molho, balanço e tornou o ritmo do baião - que é mais quadrado - mais picado e acelerado.
A Festa
Se você for convidado para ir a um forró, vá! Todo mundo sabe que ir ao forró é ir a um local onde acontece um baile com música, dança e muita alegria. Mas por que forró?
"Foi o maior forrobodó" - significava ter sido a maior bagunça, desordem...
"Foi o maior forrobodó" - significava ter sido a maior bagunça, desordem...
Alguns historiadores afirmam que a palavra forró veio de forrobodó, demonstram ainda que a palavra forrobodó era usada antes do final do século XVIII (*1) como designação de baile ou festa com danças e cantorias.
Importantes etimólogos acrescentam que a palavra forró veio do francês faux-bourdon e que depois de algumas corruptelas resultou em forbodó, termo usado na Galícia e em Portugal para designar um tipo de baile sem graça, assim, para estes a palavra teria origem pejorativa, como também acontece com "gafieira" que designava um local onde se cometem gafes.
Geraldo Azevedo difundiu, na sua música "For All Para Todos", que a denominação forró surgiu quando da inauguração da primeira estrada de ferro brasileira, por ter a Great Western promovido uma festa com livre acesso a todos - em inglês "for all" - e que o povo acabou mudando a pronúncia.
Geraldo Azevedo difundiu, na sua música "For All Para Todos", que a denominação forró surgiu quando da inauguração da primeira estrada de ferro brasileira, por ter a Great Western promovido uma festa com livre acesso a todos - em inglês "for all" - e que o povo acabou mudando a pronúncia.
No filme brasileiro "For All" a versão acima foi contestada, já que o termo teria surgido no tempo da Segunda Guerra Mundial, quando uma base militar americana instalada no Brasil promovia as festas "for all".
Importantes historiadores afirmam que estas duas versões são histórias interessantes, porém pura fantasia. Dizem que se esse fosse o caso as pessoas tenderiam a falar foral, ou até foró, mas não forró que tem pronúncia mais elaborada.
Independente de quem está com a razão, é certo que pelos forrós do Brasil dançou-se muita mazurca, polca, xote, xaxado e coco e mais modernamente o baião e o forró encontraram também seu apogeu nesses democráticos espaços.
A Dança
De um grande leque de danças chamadas forró, como o estilizado, o de Itaúnas e o universitário e/ou dançadas ao som de músicas chamadas forró como o miudinho, o xote bragantino e o rastapé, ressalto o forró tradicional que conheci sendo dançado no nordeste e que posteriormente observei também em
algumas escolas de dança de salão no sudeste e centro-oeste. O tradicional é sensual e alegre, caracteriza-se por movimentos muito marcados, fortes, bem definidos que lembram, em alguns momentos, danças indígenas. Foi influenciado por diversos folguedos e danças populares, tais como o xaxado, o xote, o frevo e o baião, sendo que, interessantemente sua base principal (o pisa o milho) é muito semelhante ao carimbó.
algumas escolas de dança de salão no sudeste e centro-oeste. O tradicional é sensual e alegre, caracteriza-se por movimentos muito marcados, fortes, bem definidos que lembram, em alguns momentos, danças indígenas. Foi influenciado por diversos folguedos e danças populares, tais como o xaxado, o xote, o frevo e o baião, sendo que, interessantemente sua base principal (o pisa o milho) é muito semelhante ao carimbó.
Recentemente jovens passaram a dançar ao som do forró "pé de serra" (que geralmente é tocado com zabumba, triângulo e sanfona) o forró universitário: uma mistura de estilos que muito tem a ver com a salsa e o "soltinho".
Por outro lado, com o surgimento do forrock - forró executado com aparelhagem de som eletrônica e sintetizador, em cidades como Fortaleza e Recife passou-se a dançar o que seria o "forró estilizado" e que é muito mais próximo da lambada moderna. Esses dois últimos fenômenos têm sua importância na medida que atraíram os jovens para os salões e fizeram uma nova difusão do forró.
Por todo Brasil encontramos danças praticadas ao som do forró ou influenciadas pela dança do forró. Algumas tornam-se tão diferentes da original que acabam ganhando outro nome ou terminação. Espera-se que a renovação, o desenvolvimento e a evolução de qualquer manifestação artística respeite suas bases e raízes. Só assim se mantém a tradição e a cultura de um povo. A dança, por ser uma arte de movimento exige especial atenção na sua preservação. O problema não está na continuação e nas mudanças, mas na ruptura, no aprendizado errado das características de cada modalidade. Isso sim pode e costuma causar distorções maléficas.
Luís Florião
*1 - registrado no dicionário de Cândido Figueiredo, de 1899, que a define como "baile reles". A forma reduzida 'forró' aparece menos de vinte anos depois, em 1913, como sinônimo de forrobodó.
Bibliografia:
A origem curiosa das palavras (forró) - Márcio Bueno;
Texto de Gilberto Gil sobre o Forró;
Matéria Revista Época - Edição 207 - 06/05/2002 - O brega vem aí;
Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda;
A festa que virou gênero musical - Tárik de Souza;
A História do forró - Revista Forró Mania - Sigla Editora;
A origem curiosa das palavras (forró) - Márcio Bueno;
Texto de Gilberto Gil sobre o Forró;
Matéria Revista Época - Edição 207 - 06/05/2002 - O brega vem aí;
Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda;
A festa que virou gênero musical - Tárik de Souza;
A História do forró - Revista Forró Mania - Sigla Editora;
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